25 de nov. de 2010

Des-saber

Na ilusão de me convencer
de que aprendi um saber,
disfarço meu não saber em versos
e descubro outro saber:
o saber de que preciso reaprender
aquilo por mim já sabido.

24 de nov. de 2010

De que sentes saudades?

João Pessoa...
Não da praça Atenor Navarro...
Não dos turistas, sedentos...
Não do Hotel Tambaú,
Não das damas metálicas...
Não do Shopping Manaíra!
Não do Farol do Cabo Branco!
Não da Praia do Jacaré.

João Pessoa, que sinto saudades...

João Pessoa,
Não a cidade de gala,
Mas, das praças.
- Praças da gala.
Do Mercado Central,
onde se bebe o suor
e cuspe-se aguardentes!
Onde se carrega a cidade
não a cidade da costa,
mas, a cidade nas costas.


João Pessoa!
In´felicidade...
Da Lagoa, seis horas da tarde...
Dos pontos de ônibus, cheio de almas...
Hora da fadiga
Seu José que o diga – embrutecido!
Hora de voltar pra casa, descansar.
Num seio menos enrijecido...

João Pessoa.
Sim. Cidade das acácias...
Não da catedral;
Mas, dos boêmios catedráticos...
Dos amantes, diamantes da noite!
Não dos meninos de rua!
Mas, das ruas dos meninos...
Saudades... Saudades de ti!

Chegas

Chegas...


Calmo e leve
e com ternura invades-me.
Embriagas-me com doçuras
e com a pele inflamas-me.


Despes-te,
despes-me.
Sacias-te e vais...
Estranho e insensível
como um gatuno.


Inexorável, indiferente
a tudo que me ocorreu,
simplesmente vais...
nada pergunto!
nada digo, nada!


Quedo-me calada!
No silêncio de meu pesar
na minha inquietação
e mágoa, assim como uma flor,
que ao desabrochar morreu.

Bernardo

Não conheci Bernardo.
Só o vi em poesia.
Mas dele fiquei tão Íntimo
que posso ouvir seu silêncio
no regozijo das árvores.
Ouço sua ternura de garça
a esticar o horizonte.

Porto do Capim

Porto do Capim
Onde o horizonte se esconde
E as linhas do passado
Se roçam no abandono

Por ti atravessou o tempo
Em ti ancoram-se vermes

Porto do Capim
Porto sem ancoradouro
O ver do estúpido deturpa tua paisagem