No vadio do amanhecer me reconheço, até os sapos me cantam. Sou consumista de palavras. Na arte de ser humilde, sou um fracasso de Deus. Não sou belo em matéria. A beleza é uma coisa feia de se ver aos vermes. Tenho pena de pássaros. Tudo para mim é nada. Estupidez é não querer ser coisa alguma. Sou alguma coisa em processo.
12 de out. de 2012
9 de out. de 2012
CORAÇÃO
Estranho esse tal
coração.
Vive dentro da gente
e parece não nos
pertencer.
Sim.
Descobri outro dia,
e por acaso,
que ele estava
apaixonado.
Apaixonadíssimo quão
os musgos
que se prendem as
pedras.
Não me dissera...
Percebi ditoso
sentimento
quando, certo dia, flagrei-me
distraído a chorar pelas ruas.
Minha cabeça em
desvario
e o peito em lavas.
Ah, insensato coração!
Não vês quanto estrago
me causas!
Não vês que meu peito,
ainda dilacerado, não
cabe outro alguém?
E agora, o que fazer,
se esse alguém por
quem deliras,
não se prende a tal
paixão?
José Benedito de Brito
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