19 de nov. de 2012

FERIDA

Coração, não se deixe enganar, outra vez
só quem foi ferido sente a dor.
Se ela diz não saber o mal que te fez
é porque nunca, deveras, te amou.

Pois quem fere uma alma no amor
também é ferido abruptamente.
Não se deixe abater, faça favor,
por uma ilusão falsa e indolente.

Se ela não te quer, não te cativa,
decerto, não merece teu amor.
A flor morre para que o fruto viva,
coração sem alma não serve ao criador.



                                         José BENEdito de BRITO         


9 de out. de 2012


CORAÇÃO

Estranho esse tal coração.
Vive dentro da gente
e parece não nos pertencer.
Sim.
Descobri outro dia,
e por acaso,
que ele estava apaixonado.
Apaixonadíssimo quão os musgos
que se prendem as pedras.
Não me dissera...
Percebi ditoso sentimento
quando, certo dia, flagrei-me
distraído a chorar pelas ruas.
Minha cabeça em desvario
e o peito em lavas.
Ah, insensato coração!
Não vês quanto estrago me causas!
Não vês que meu peito,
ainda dilacerado, não cabe outro alguém?
E agora, o que fazer,
se esse alguém por quem deliras,
não se prende a tal paixão?



José Benedito de Brito


21 de ago. de 2012

Amara


Amara amava Hamilton.
Hamilton amava o mar.
E no desvario do amar
amara o marinheiro
como quem doa-se ao mar.
Mas amor só de uma via
se afoga no amar.
Amara em maremoto
imergiu fundo no mar,
para esquecer do marujo
para não mais marejar.
Hamilton vive feliz
navegando em sua nau,
Amara vive de encantos
nas sombras do abissal.

José BENEdito de BRITO

27 de jun. de 2012

NÓS DO TEMPO


Por que tanto negas teu sorriso?
Não vês que as horas voam!
E cada par de horas que se esbroa,
um par de horas a menos,
para verter nossa alegria.
Por que, perdendo nós, um dia, a cada dia,
inda assim, fenece teu humor,
levando consigo, minhas doces fantasias?
Não vês que o tempo nosso é um sopro, amor,
e não comporta bis!
Se haveremos de morrer, qual flor,
em tão breve tempo, que a vida propicia,
que ao menos vivamos felizes.

José BENEdito de BRITO

16 de jun. de 2012

GABRIELA


 Ah,
como é tão linda
aquela menina!
E como o olhar dela
é preso no horizonte!
Ela tem um coração tatuado
luzindo na fronte.
Conta as estrelas!
Diz qual a mais bela?
Quais são seus segredo?
Sonhos e aquarelas.
Ah, como ela é distraída!
Vive no mundo da lua
declamando poemas
e cantando pelas ruas.
Quando vai pra escola
farda não quer mais vestir
vive a sonhar com baladas
ser livre e a vida curtir.


      José BENEdito de BRITO


15 de mai. de 2012

SUA

Quando o meu amor
me fala em segredos
com sua voz mansa
pausada e rouca
me tocando os lábios
me beijando a boca
eu perco o juízo
tiro minhas roupas.
Quero ser só sua
quero seus apelos
meu corpo em seu corpo
meus pelos em seus pelos.
Quando o meu amor
me acaricia sem medos
com a ponta dos dedos
me leva a loucura
me enche de tesão
umedece meu sexo
me deixa sem nexo
morta de paixão.
Quero ser só sua
quero seus carinhos
seu corpo em meu corpo
bem devagarzinho.




                   José BENEdito de BRITO

19 de abr. de 2012

ESQUEÇA


Esqueça o nosso jantar
nossa conversa no bar
tudo pode esquecer.
Não me faça promessas
pode crer, não sou dessas...
Pode me esquecer.
Para me merecer
você teria que muito fazer.
Pode crer, não sou dessas
de enrolar, de ficar
de aventura fugaz.
Eu quero muito mais
quero ser amada
querida, cortejada
encontrar minha paz.
Esqueça que lhe quis um dia
da minha fantasia, da minha ilusão
esqueça-me, não sou dessa vadias
que só quer o que é seu.
Se lhe fiz algum pedido
tão sincero, sentido
também pode esquecer.
Esqueça o meu coração
pois a minha ilusão
vai tentar lhe esquecer.


           José BENEdito de BRITO


           José BENEdito de BRITO

14 de abr. de 2012

INCÊNDIO

Essas águas
essas pedras
esse rio
essa dor
esse horizonte
esse medo!
De onde nasce essa fonte?
Essa ilusão...
Do teu coração!?
Já não tenho palavras
não tenho remédio
não tenho mais cura.
Será loucura!
Essa chama
esse incêndio
essa lava
essa erupção
quando toco tua mão.
Será paixão?

José BENEdito de BRITO

6 de abr. de 2012

TEMPOS DE GLÓRIA

Agora vou dar um tempo pro ócio
Correr, comprar vender, pechinchar.
O negócio é cuidar dos negócios
que a vida não tá pra bobeira.
- Relaxar, nem de brincadeira!
Vou cuidar de arranjar outro sócio
esquecer essa coisa de divórcio
passeio, jantar e rodas de cerveja.
- Meu negócio é fundar uma igreja
Nos cultos falar de amor
inventar cura para toda dor
vou  forjar milagres pra loucura
ressuscitar mortos em sepultura
lotear bônus de salvação.
Arranjar meu primeiro milhão.
- Pois há gente de bom coração.
Já que o tempo não tá mais pra protestos
vou fazer lobby no congresso
pra concessão de uma rede de TV.
Rezar, só na cartilha da sonegação.
- Vem para o culto meu irmão!
Passear, só de porsche com vidros fumê
em Manhattan morar num APÊ.
- A pobreza que vá se foder!
Cristo tem poder. Aleluia, irmãos!

                                   José BENEdito de BRITO

1 de abr. de 2012

De quem são esses olhos?


De quem são esses olhos
que arrastam meus olhos
essa faca cortante
que a todo instante
minha alma incendeia
me rouba segredos
e em meus olhos vagueiam?
De quem são esses olhos
Que me mete medo?
Terá algum segredo!
Ah, de quem são esses olhos!
esses olhos, esses olhos...
que miram meus olhos
arqueando meus olhos
curando os abrolhos
do olhar dos meus olhos
Será olhos de brinquedo!
Então, olha em meus olhos
e me diz: qual é teu segredo?


                            José BENEdito de BRITO

21 de mar. de 2012

RUA

Rua silenciosa
rua solitária
rua solidária
minha solidão.
Rua da união
rua da aurora
rua que consola
minha aflição.
Rua da concórdia
rua dos aflitos
rua dos contritos
da contravenção.
Rua do passeio
rua da saudade
rua da cidade
rua da ilusão.
Me deixas ser tua
gloriosa rua
dou-me em tuas mãos.

José BENEdito de BRITO

14 de mar. de 2012

SINA (em Pessoa)

Te condenaram,
poeta,
a só pensar em palavras.

E com palavras
poéticas,
fundir nossa dor.

De tal forma que, ao ler tua
poesia,
já não sei se a dor que sinto
é de fato minha!


             José BENEdito de BRITO

2 de mar. de 2012

MENTIRA



Mentira, mentira...

Tu me tiras do sério.

É sério!

Mentiras...

Verdades inventadas!?

Que nada!

Apenas invenção.

Então me diz

[para acalmar meu coração]

uma mentira que me faça feliz.



                   José BENEdito de BRITO

25 de fev. de 2012

MOTIVO


Sol luzindo o céu.
Mudos:
o dicionário
o lápis
e o papel
todos à mesa.
- Paciência poeta!
A poesia pede uma cerveja.

                          José BENEdito de BRITO 

10 de fev. de 2012

Lua

lua de tantas fases...
que tanto fazes!?
[seminua]
lua, lua, lua...
por que me ocultas
a outra face tua?
lua que vagueia
arrastando meus olhos
                      para o céu.
Por que te desnuas,
misteriosa lua,
te escondendo num véu?


        José BENEdito de BRITO

4 de fev. de 2012

MAR

O mar é um porto
Sem ancoradouro
Onde as águas é certeza
A espera infinda tristeza...
Uma busca infinita.
O mar é a brisa dos teus versos
Cortando-me a pele ressequida.
Uma cantiga esquisita
Das ondas e seus reversos.
Pedaço roubado da vida.
Mar...
E quanto mar em mim...
Porto sem ancoradouro...
Só tuas areias molhadas
Fazem-me umedecida
Com gosto de sal de tua boca
O peito ancorado em feridas.


Do livro  "O mar é um porto"
Uma história de amor (em breve em suas mãos)
José BENEdito de BRITO

31 de jan. de 2012

O RIO

Não tenho barco,
só a inspiração dos rios.

Qual um pescador,
vivo a ler os peixes.

E pesco palavras
nas correntezas dos rios.

Fisgo uma palavra
e me vem um cardume de versos.

O rio é uma correnteza
de poemas líquidos em peixes vivos.


José BENEdito de BRITO

27 de jan. de 2012

Entrevista a uma fateira

 - Por que vives de fato?

 - Eu só sei viver de fato!
Mas, de fato não vivo inteira.
Quem quiser viver de fato,
Não queira ser uma fateira.

 - E que fatos te interessam?

 - O fato que me interessa, de fato
é o fato jamais dito.
Pois, é fato que nem todo fato,
pode ser de fato escrito.

José BENEdito de BRITO

16 de jan. de 2012

QUANTO MAR!

Ah! Mar...
Onde mora
O Peixe e o Pássaro
Até Passarinho Passa

Ah! Mar!
Minerações e Ciganos
 - passam por ti também
Cavaleiros das Sete Luas
Por parte de Pai
e Menino de Belém

Ah! Mar
Onde tem Bruxa tem Fadas
As patas da Vaca
- e outros trens -


Ah! Mar
Se não sabes
Ler, escrever e fazer contas de cabeça
- decerto não és Mário
Nem Os cinco sentido, também

Ah! Mar...
Quem parte
leva uma dor
nos olhos
de quem ficou...


Ao nosso indizível Bartolomeu Campos de Queiros(in memória), o carinho de um eterno leitor, José BENEdito de BRITO.

14 de jan. de 2012

Súplica

Amor, não chores
não fiques assim
não te demores
presa por mim
pois,
quando não estou pensando em ti
é porque, enfim,
estou pensando que tu
estas pensando em mim.
Amor,
não me julgues no olhar
não me tenhas em aflição
mas, por favor, amor
deixe-se amar
por esse desvairado coração.