Jackson do Pandeiro


JACKSON DO PANDEIRO
José Benedito de Brito

A todos aqui reunidos
peço atenção por favor
enquanto faço um pedido
muito nobre e de valor
para lhes contar a história
de um autêntico brasileiro
de esplêndida trajetória
criador de um som maneiro
de muito sucesso e glória
nascera filho de um oleiro
paraibaníssimo da gema
famoso no mundo inteiro.
No sopé da Borborema
nasceu Jackson do Pandeiro!

Foi lá no Engenho Tanque
lugar que Jackson nasceu
quando a luz tingiu seu rosto
sua mãe logo entendeu
não ser qualquer garotinho
o filho que Deus lhe deu.
Foi trinta e um de agosto
o dia que Jackson nasceu.
Cresceu na Alagoa Grande
cidade fincada no brejo
distante de regalias
requintes e privilégios.
Mas entrou para a história
conforme já lhes contei
e com grande maestria
do ritmo tornou-se o rei.

Jackson por sua mãe
teve orgulho e inspiração
uma cantadora de coco
de terreiro e de salão
cujo nome de nascença era
Flora Maria da Conceição
mas por muito conhecida
apenas por Flora Mourão.
Jackson ainda menino
perdeu o seu genitor
gente simples, José Gomes,
de quem Jackson o nome herdou
para assim ser registrado
ainda sem fama e brilho
pelo nome de batismo
de José Gomes Filho.

Um moleque habilidoso
cheio de ritmo e talento
que aos 12 anos de idade
adotou logo o pandeiro
predileto instrumento
para tocar coco e baião
encantando a moçada
nos arrasta-pés de salão
no São João, nas vaquejadas
nas festas de padroeiros
até cantava embolada.
Era multi-instrumentista
tocava triangulo e maracá,
reco-reco e zabumba
e arrebentava no ganzá.
Assistia bangue-bangue.
o seu filme preferido
adotou o nome de Jack
veio daí seu apelido.

Pobre e analfabeto, Jackson
passou fome e iniquidade
mudou-se para  Campina
aos treze anos de idade
com garra e honestidade
trabalhou numa padaria
pra bem dizer a verdade
foi quem salvou a família.
Fazendo pequenos shows
no cassino Eldorado
um cabaré de Campina
muito elegante e afamado
Jackson ganhou espaço
cantando rojão e xaxado
ganhou atenção do povo
por quem foi admirado.

Lá por volta de quarenta
pra João Pessoa mudou
cantando nos cabarés
muitas privações passou
mas a providencia Divina
nunca costuma falhar
até que o convite veio
pra no rádio ele cantar
e foi tocar na Tabajara
a mais famosa do lugar.
Com um gingado genuíno
como ninguém jamais viu
caiu na graça do povo
que o acolheu e aplaudiu
mas foi cantando em Recife
que sua fama explodiu.
Não tardou para seu ritmo
encantar todo o Brasil.

Nas terras pernambucanas
cantou na Rádio Jornal
uma música muito alegre
jovial, ritmada  e bacana,
quem de vocês não conhece
a comadre Sebastiana?
Sebastiana foi, portanto,
o seu sucesso primeiro
logo Jackson emplacou
com Forró em Limoeiro.
Com o disco ganhou fama
muito prestígio e dinheiro
Também ganhou em Recife
o nome Jackson do Pandeiro.

Ao conhecer Elvira Castilho
logo Jackson se encantou
ex- professora e cantora
com quem Jackson se casou.
No palco formaram uma dupla
de muito encanto e fervor.
Viveram até o fim de sessenta
quando findou a parceria
e o casamento acabou.
Para o Rio de Janeiro
logo Jackson embarcou
lá ganhou notoriedade
cantando na Rádio Nacional
baião, samba-coco e rojão
e marchinhas de carnaval.

Da Borborema distante
ele fez muito progresso
cantando o  Canto da Ema
um estouro de sucesso
música original e bacana
que faz lembrar do sertão
e arrancou muito elogios
do nosso Rei do Baião.
Entre a TV e o cinema
Jackson montava na grana
e fez ensaio de protesto
com Chiclete com Banana.
A cantiga de manifesto
caiu na boca dos fãs
que davam uma cutucadinha
na música do Tio Sam.

Jackson fez amizade
com Valença, Gal e Gil
em tempos que a diabete
no seu corpo era sutil,
mas em Brasília num show
sua glicose o  traiu
no ano de oitenta e dois
o Rei do Ritmo partiu.
Por todo chão do Brasil
sua música inda ecoa
ressoa lá pelo Rio
e pela terra da garoa
de norte a sul do país
o seu ritmo ainda entoa
lhe reverenciam até os sapos
quando cantam na lagoa.



João Pessoa 20 de abril de 2019.